O grupo de dirigentes do JusRacial notificou extrajudicialmente a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) por omissão e corresponsabilização no caso de racismo sofrido pelo jogador Luighi, atacante do Palmeiras, na partida contra o Cerro Porteño, válida pela Libertadores sub-20, no Paraguai.
Na oportunidade, o atacante brasileiro foi alvo de uma ofensa racista por parte de um torcedor do Cerro Porteño. O indivíduo imitou um macaco na direção de Luighi, que também foi atingido por uma cusparada enquanto se dirigia ao banco de reservas.
“Era obrigação do juiz interromper a partida, o jogador pede isso, o código diz que ele pode interromper, suspender por 10 minutos ou cancelar o jogo, o juiz não fez e a CONMEBOL é corresponsável. É cúmplice do agressor. Se não houver resposta vamos ao judiciário, pois é inadmissível que nossos jovens negros sofram racismo todos os dias nesse país e ninguém faça nada. Nós vamos até as últimas instâncias para que a justiça seja feita”, disse o advogado fundador do JusRacial, Dr Hédio Silva Jr., que assina a notificação.
Ainda segundo o advogado, o Código Disciplinar da Conmebol prevê que “no caso de uma partida ser cancelada como resultado de atos discriminatórios, o órgão judicial competente poderá determinar o resultado da partida de acordo com o disposto no artigo 24 deste Código”.
O Manual de Clubes estabelece que “as competições organizadas pela CONMEBOL exigem a colaboração de todos os envolvidos de forma a prevenir comportamentos antiesportivos, particularmente violência, doping, corrupção, racismo, xenofobia ou qualquer outra forma de discriminação”.
O documento foi enviado na última segunda-feira (10) e também questiona a punição imposta pela Conmebol imposta ao Cerro Porteño– uma multa de US$ 50 mil –, valor inferior às penalidades previstas para infrações menos graves. Além disso, o JusRacial cobra esclarecimentos sobre o registro da ocorrência na súmula da partida, a abertura de procedimento disciplinar contra o árbitro e as ações para combater o racismo.
O JusRacial é um grupo que atua na prevenção e enfrentamento do racismo e na defesa dos direitos da população negra através da advocacia estratégica. Além disso, o grupo atua na fiscalização e denúncia de práticas discriminatórias, promovendo políticas públicas para garantir igualdade racial.