Seis pacientes que receberam transplantes de órgãos no Rio de Janeiro foram infectados com o vírus HIV, em um caso inédito e alarmante, confirmado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-RJ) nesta sexta-feira (11). A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério Público estão investigando o caso, que envolveu órgãos de um único doador.
O problema foi detectado em 10 de setembro, quando um dos pacientes apresentou sintomas neurológicos e testou positivo para o HIV. Antes do transplante, ele não era portador do vírus. A partir dessa descoberta, outros cinco pacientes que também receberam órgãos do mesmo doador testaram positivo para o HIV, totalizando seis pessoas contaminadas.
A secretária estadual de saúde, Cláudia Mello, classificou o episódio como “sem precedentes” no Brasil. Segundo as investigações, os órgãos passaram por testes no PCS Laboratórios, em Nova Iguaçu, antes de serem utilizados nos transplantes. No entanto, a Anvisa identificou que o laboratório não possuía os kits adequados para os exames de sangue, levantando suspeitas de que os resultados dos testes possam ter sido forjados.
O PCS Laboratórios havia sido contratado emergencialmente pela Fundação Saúde, que é vinculada à Secretaria Estadual de Saúde, devido à sobrecarga do Hemorio, instituição tradicionalmente responsável pela testagem. O uso de um laboratório sem as devidas condições de análise trouxe preocupações sobre a segurança dos processos adotados.
As autoridades investigam o possível envolvimento do laboratório em fraudes e estão avaliando a responsabilidade pela grave falha, que impactou a saúde de seis pacientes.