O caso brutal de um jovem encontrado esquartejado e decapitado dentro de um carrinho de mercado na Avenida Bonocô, em Salvador, chocou a cidade. Segundo familiares, Richard de Jesus, de 21 anos, foi vítima de uma tragédia causada por engano. O jovem foi sequestrado, torturado e assassinado por membros da facção Bonde do Maluco (BDM), que o confundiram com um integrante da facção rival Comando Vermelho (CV).
Richard havia desaparecido na tarde da última sexta-feira (27), após sair de casa no bairro da Federação, por volta das 17h, para buscar sua sobrinha na creche. De acordo com relatos de moradores, ele foi abordado por traficantes que acreditavam que o jovem estava envolvido com o grupo rival. “Deram um murro nele. Ele dizia que não era ele, que estavam confundindo, mas botaram Richard na mala do carro”, conta um parente da vítima, que prefere não ser identificado por questões de segurança.
Pouco depois do sequestro, às 18h, os criminosos fizeram uma chamada de vídeo para um amigo de Richard, mostrando-o cercado por armas. O amigo, desesperado, foi até a casa da avó do jovem para informar a família sobre o ocorrido. Os sequestradores continuaram o terror psicológico, ligando novamente e obrigando Richard a olhar para o celular enquanto se despedia da família. “Falaram: ‘fale com sua família, olhe para sua família aí'”, relembra um parente entre lágrimas.
Em um último contato, os criminosos avisaram à irmã de Richard que ele seria morto porque acreditavam que ele pertencia à facção rival. O jovem, que não tinha envolvimento com o tráfico, foi brutalmente assassinado antes de seu corpo ser encontrado no dia seguinte, abandonado na Avenida Bonocô, uma das vias mais movimentadas da capital baiana.
O caso expõe, mais uma vez, a violência extrema gerada pela guerra entre facções em Salvador, onde pessoas inocentes, como Richard, acabam sendo vítimas fatais dessa disputa pelo controle do tráfico. A família, desolada, agora clama por justiça e por uma resposta das autoridades para que os responsáveis por esse crime bárbaro sejam punidos.