O secretário estadual da Casa Civil, Afonso Florence (PT) confirmou o interesse da China na construção do Porto Sul e da Fiol. Segundo informações do Jornal A Tarde, o secretário afirmou que a visita de uma delegação do governo da China a Ilhéus, no último dia 16 de abril, teve como plano de fundo o interesse de estatais chinesas em investir em um corredor ferroviário que ligue o litoral da Bahia ao litoral do Peru, no oeste da América do Sul. A ideia é investir na construção do Porto Sul, em território ilheense, e na conclusão da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), criando uma alternativa para o transporte de produtos entre o Oceano Atlântico e o Oceano Pacífico.
Apesar de não ter estado junto à comitiva chinesa em Ilhéus, o gestor disse que o governo baiano teve representantes na visita e confirmou que tem mantido diálogo constante com o país asiático. A alternativa ferroviária a ser construída entre o Brasil e o Peru seria uma resposta ao movimento dos Estados Unidos, de pressionar os panamenhos a fechar o Canal do Panamá para os interesses econômicos da China.
“São estatais chinesas. Eles têm interesse geopolítico e é razoável supor que haja uma margenzinha de risco que eles corram, porque eles querem fazer uma parceria com o Brasil, que é no quintal dos Estados Unidos. Então, a geopolítica pode convir. É uma possibilidade real”, assegurou Florence.A possibilidade não é nova. Os chineses demonstram interesse nesse corredor ferroviário desde, pelo menos, 2016. Porém a movimentação do atual presidente norte-americano Donald Trump junto ao Panamá tornou mais urgente a criação de alternativas por parte do governo da China.
O traçado exato desse corredor ferroviário ainda não está totalmente definido, já que depende de diversos estudos, mas a tendência é que, além da Bahia, os trens passem pelos estados de Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Acre, antes de chegar ao Peru. Especula-se que o custo total desse investimento chegue a R$ 30 bilhões. Apesar do governo baiano estar acompanhando de perto toda a situação, a negociação com as estatais chinesas tem sido conduzida pelo governo federal, através da Casa Civil — do ministro baiano Rui Costa (PT) — e da Secretaria Nacional de Transporte Ferroviário.